terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ministro da Saúde defende internação "compulsória"


Para Alexandre Padilha, em casos de dependência extrema de crack, pode faltar discernimento na busca por ajuda

Ministério quer dar recursos a governo que investir em política de internação, amparada em avaliação individual


VERA MAGALHÃES

ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defende a internação de dependentes de crack como forma de "proteção à vida".
O ministério pretende transferir recursos para governos e prefeituras que investirem em políticas de internação de viciados, desde que amparadas em protocolos clínicos e depois de avaliação individual.

"Defendo a internação como ação de proteção à vida, desde que haja profissionais de saúde e de assistência social e após avaliação individual dos dependentes, como recomenda a própria OMS."
 
A posição do ministro é conflitante com a da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Em entrevista à Folha em maio, a secretária Paulina Duarte disse que falar em epidemia era "uma grande bobagem".
A internação também é controversa no Departamento de Saúde Mental do próprio ministério.
 
Padilha já se reuniu com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), que anunciaram recentemente o recrudescimento do combate ao crack e têm defendido a internação compulsória de dependentes, desde que mediante avaliação prévia.
 
O ministro evita usar o adjetivo "compulsória", mas concorda com a avaliação de que, em casos de dependência extrema, pode faltar ao viciado discernimento para decidir buscar tratamento.
Nesses casos, ele defende a utilização de uma abordagem multidisciplinar que pode decidir pela internação.
 
O governo pretende ajudar Estados e municípios a investir em rede de equipamentos para ajudar no tratamento. Haveria unidades móveis de avaliação em áreas de grande aglomeração de viciados. Nessas unidades haveria psicólogos, médicos e enfermeiros aptos a medicar usuários em caso de risco imediato e a encaminhá-los à internação.
 
Além dessas unidades, o governo pretende investir em enfermarias especializadas para álcool e drogas, e alas específicas para internação em hospitais.
 
O ministro defende a criação de unidades específicas para crianças e adolescentes, em que sejam oferecidas aos usuários em tratamento, além de apoio psicológico, atividades -como esportes, cultura e lazer- para que ele não tenha recaída tão logo tenha alta da internação.

CONSELHO DE MEDICINA

O CFM (Conselho Federal de Medicina) defende internações involuntárias e compulsórias de dependentes de crack, mediante cumprimento de exigências legais, segundo o vice-presidente do órgão, Emmanuel Fortes.

Nas involuntárias, o Ministério Público deve atuar e compartilhar da responsabilidade, diz o conselho.
 
O CFM também é favorável à internação compulsória de menores de idade, como é feito desde maio pela Prefeitura do Rio. "É um conflito entre liberdade e direitos humanos. O Estado deve agir para impedir que essas crianças morram. Elas devem, sim, ser levadas a centros de tratamento", disse Fortes.

Um comentário:

José Antonio Soares Foursq disse...

Caro Marcos Guerra,

Estou pensando em me filiar a um partido político, sei que é algo muito pessoal e depende do posicionamento e do flerte de cada um com determinado partido. Mas tendo em vista a realidade do município de Ubatuba, gostaria que, se possível, falasse sobre o PSDB e sobre o PPS de Ubatuba, fizesse um apanhado geral e me falasse sobre quem são os presidentes de cada partido e sobre a atuação de cada um no contexto Ubatuba. Peço desculpas de antemão caso meu pedido seja algo absurdo, mas estou com uma tamanha dúvida e me sinto auto-pressionado a agir, e para isso preciso de uma bandeira.
Certo de contar com sua colaboração, desde já agradeço.
Um abraço,
José Antonio.