sábado, 28 de agosto de 2010

Limpando a casa de veraneio




Geralmente as casas de veraneio são utilizadas apenas durante finais de semana, feriados ou férias. Em função de sua pouca utilização, muitos proprietários optam por não contratar funcionários permanentes. Deste modo, as ditas casas de veraneio, ficam fechadas e sem manutenção. Não são raras as desagradáveis surpresas, pelas quais, se deparam seus proprietários ou ocupantes, a qualquer título, quando da tentativa de utilização de tais casas e a conseqüente observação da condição precária em que se encontram.

Umidade, mofo, poeira, vidros quebrados, madeiras apodrecidas, energia elétrica cortada, grama por cortar, mato no jardim, piscina sem condições de uso, paredes sem pintura, encanamento em condições ruins, são apenas alguns dos exemplos do que pode acontecer com uma casa sem manutenção. Normalmente tais problemas são notados quando algum desavisado resolve ocupar a casa nas tão sonhadas férias. Inicialmente seus pretensos ocupantes, relacionam todos os problemas existentes e com um poder de observação, de fazer inveja a Sherlock Holmes, encontram os mais escondidos problemas. Após dois ou três dias chegam à conclusão de que a casa necessita de profundas reformas ou até mesmo ser demolida.

Passados mais dois ou três dias um sinal amarelo começa a piscar incessantemente na cabeça dos que possuem ou utilizam mais de dois neurônios. Juntamente com o sinal amarelo vêm à tona algumas questões:

- Qual o custo da obra a ser executada?

- Em quanto tempo será concluída?

- Quem vai executar os serviços?

- Quem vai administrar e controlar os trabalhadores?

Independentemente das respostas dadas às questões acima imediatamente se acende uma luz vermelha e nesse momento se inicia um estudo de prioridades. Como conclusão de tal estudo teremos uma relação com os mesmos problemas já levantados, porém, classificados por ordem de importância, face às necessidades e possibilidades de seus pretensos ocupantes. Realidade, material disponível, capacidade financeira, serão as palavras de ordem. Nesse momento a parede que parecia necessitar de uma nova pintura poderá, simplesmente, ser limpa com água e sabão, as contas de energia elétrica poderão ser parceladas, enfim, novas soluções aparecerão e muito do material existente e aparentemente inútil poderá ser aproveitado.

Ubatuba não é diferente desta casa que acabei de citar. Nossos problemas são muitos e não há tempo e nem dinheiro para corrigi-los simultaneamente. O único fato realmente importante é que os cidadãos chegaram à conclusão que a realidade atual não pode mais prevalecer. Os desmandos em Ubatuba chegaram a um nível tão alto que a própria cidade está, aos poucos, deixando de existir. Hoje, até mesmo os que participaram desse processo de destruição de Ubatuba, não agüentam mais.

Não podemos ser ingênuos em acreditar que somente com o auxílio de supostos homens de bem é que a corrupção será banida. É necessário separar o ruim do menos ruim e através da delação premiada ou pela identificação de prioridades, consigamos banir os que realmente, por ação ou omissão, permitiram e incentivaram que chegássemos nesse ponto.

Questões como conselho tutelar podem até ser importantes, mas perante o caos em que estamos passam a ser uma mera gota no oceano. Querer misturar a questão do conselho tutelar com a apreensão dos computadores é má-fé que beneficia única e exclusivamente àqueles que adoram jogar areia nos olhos da população para que seus desmandos não sejam vistos.

Somente cegos, hipócritas ou pessoas coniventes e interessadas no caos, não perceberam a falta de capacidade dos suplentes de vereador. Quem desconhece o próprio rito das sessões da Câmara, certamente não possui a menor condição de fiscalizar o Executivo. De outro lado temos os seis vereadores afastados que sentiram na pele o peso de um afastamento. Os seis afastados não são as melhores pessoas do mundo e cada um, por ação ou omissão, é responsável por muito do que ocorre em Ubatuba. A grande diferença está na questão tempo. Ubatuba não pode mais esperar. Medidas urgentes devem ser tomadas. Mesmo que seja apenas pelo susto que tomaram, os vereadores afastados são o caminho mais curto para o início de uma fiscalização profunda e constante no Executivo.

Todos nós, como população de Ubatuba, que realmente nos importamos pelo bem do município, possuímos o dever de estender uma mão de apoio aos vereadores afastados e erguer a outra mão para cobrar dos mesmos que as atitudes necessárias, para a moralização político-administrativa sejam tomadas. Não podemos mais deixar de assumir nossa parcela de culpa pelo lastimável estado em que nos encontramos. Não há um cidadão sequer que possa dizer que jamais tenha fingido não ver um ato de improbidade ou desonestidade que resultou em prejuízo para Ubatuba.

Antes que supostos jornalistas ou palpiteiros desocupados, venham regurgitar suas insanidades, esclareço que não estou propondo um perdão incondicional a todo e qualquer envolvido em atos de improbidade. Acredito que caso levemos a ferro e fogo toda e qualquer situação, simplesmente, não chegaremos a lugar algum pois não teremos quem possa denunciar o que realmente aconteceu por muitos anos em Ubatuba. Delação premiada possui previsão legal e diferentemente do que muitos possam imaginar existe apenas em países que o caos completo se instalou. Se cada cidadão denunciasse todo e qualquer desmando presenciado, situações, como a de Ubatuba, não ocorreriam e a delação premiada não seria necessária.

Para chegarmos a algum lugar devemos, antes de mais nada ter consciência do local em que estamos e identificarmos para onde queremos ir. Sem estas duas premissas qualquer caminho ou destino servem.

Vamos reconstruir Ubatuba com o que sobrou e com o que ainda possa ser aproveitado.

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