Diz o ditado que o sucesso é feito de 10% de inspiração e 90% de transpiração. Quando boas ideias vêm à mente, que podem tornar as nossas vidas melhores e o mundo um lugar melhor, a estas ideias costumamos dar o nome de “inspiração”.
A inspiração parece um milagre. Diferente das ocorrências naturais, uma experiência única. Como se diz, é pegar ou largar ─ e tantas vezes a inspiração vem e nós a largamos, porque levar adiante os valores de uma inspiração pode gerar anos e anos de transpiração.
Hoje iniciamos as festividades de Pessach. Na semana passada escutei nas rádios israelenses o quanto, ironicamente, os dias que precedem a Festa da Liberdade são os que mais “escravizam”: é tempo da faxina da primavera, limpar a casa nos detalhes e livrá-la de tudo o que a “escraviza”: roupas que não se usa mais, móveis cujo uso foi abandonado faz tempo, além, é claro, do chamêts, todo alimento fermentado. Muita transpiração é necessária para permitir novamente que a casa respire, renovada.
Depois de 400 anos de escravidão de gerações de vidas das quais se exigiu enorme esforço físico na construção de monumentos dedicados à matéria e à morte – como as pirâmides, que não eram além de gigantescos túmulos ─, eis que surge Deus e “lembra-se de nós”. Com o pouco de forças espirituais que ainda restava ao povo de Israel no Egito, nossos antepassados foram capazes de inspirar o fôlego divino, o que os permitiu deixar o mundo tão árido e seco de terra e areia, das enormes construções e dos monumentos à morte, e partirem para o resgate da vida plena, cuja promessa era um dia ser alimentada por lei e mel.
No entanto, somente inspiração não basta. Em uma noite apenas, naquele 14 de Nissan, Deus passaria pelo Egito para matar todo primogênito e mostrar aos deuses egípcios que somente Ele é Deus, o Senhor de tudo. Pela manhã, este dia já era memória. Agora entra a transpiração: “Este dia… o festejarão como Festa ao Eterno: por suas gerações vocês o festejarão para sempre. Por sete dias comerão matsot, mas no primeiro dia tirarão o fermento das suas casas” (Êxodo 12:14-15)
Nós não festejamos Pessach somente para nós. Nós festejamos Pessach por nossas gerações, pelas que virão. Para que elas também inspirem o fôlego divino, inspirem-se na experiência de seus antepassados, para que elas também transpirem e se esforcem para se libertar de tudo que fermenta, infla e ocupa espaço desnecessário em suas vidas.
Chag Pessach Casher Vesamêach!
Uri Lam, de Jerusalém
Nenhum comentário:
Postar um comentário