quarta-feira, 24 de julho de 2013

Plebiscito ou Referendo? Uma tentativa golpista


Texto: Jornal Agito de Ubatuba - Editorial de 05/07/2013

A reforma política deve vingar de fato e não ser apenas um elemento de distração para conter o povão. Por conta das várias manifestações das últimas semanas, foi aventada pela presidente Dilma a possibilidade de um plebiscito para a tão esperada e polêmica reforma política no país. Independente da forma como venha a dar-se a consulta, a impressão que fica é que as decisões são tomadas a “toque de caixa”, somente quando a classe política se vê pressionada é que faz alguma coisa. 

Plebiscito e Referendo são coisas da democracia indireta, que pressupõe o povo numa condição subalterna, incapaz de discutir e decidir seu próprio destino sem representantes.  Plebiscito, aliás, deriva do vocábulo plebe: substantivo que designa a classe subalterna. Os plebeus romanos geralmente só decidiam questões irrelevantes, exatamente como ocorre hoje no Brasil. A diferença é que os brasileiros não são plebeus, mas cidadãos, e não deveriam ser tratados como tal pelos seus representantes no Parlamento, coisa que tem ocorrido há muito tempo.  A iniciativa do plebiscito, tal como está sendo colocada é mera manobra, destinada a encobrir a incapacidade do governo de responder às cobranças dos brasileiros, criando subterfúgio para deslocar a discussão dos problemas reais do país. 

Além do gasto desnecessário de aproximadamente quinhentos milhões de reais, tudo isso se dá enquanto agrava o cenário econômico, o pífio crescimento do PIB e acelerada perda de credibilidade dos governos aos olhos dos brasileiros. Se tivesse de fato, desejado tratar com seriedade esta importante matéria, a presidenta já teria, nesses dois anos e meio, manifestado à nação a sua proposta para o aperfeiçoamento do sistema partidário, eleitoral e político brasileiro. Os problemas e anseios que os brasileiros têm manifestado nas ruas, de forma democrática e pacífica, são medidas práticas e factíveis de curtíssimo prazo, nos campos do imprescindível combate à corrupção, ampliação da transparência na área pública e fortalecimento das políticas de saúde, segurança, educação e infraestrutura. E não plebiscito ou referendo. Até quando eles vão enganar o povão???

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